Em outubro de 2012, em Macau, China houve nosso Batismo dos catecúmenos. Como na China há rejeição, o comum seria ir a um restaurante,fechar as janelas. Mas nós resolvemos alugar uma sala de eventos em um hotel para garantir mais dignidade. E também para a gente não sofrer o medo.
Mesmo assim, no hotel sempre tem câmeras que filmam, é perigoso. Na porta da sala de convenções nós colocamos um cartaz e escrevemos somente "Reunião de Brasileiros", (festa de brasileiros) porque não pode pôr "Missa", nem "Batismo".
Esse é o jeito com que a igreja cresce em Macau, batismos assim. O outro jeito é o batismo de filhos de casais mistos; quando o noivo e a noiva, juntos, fazem o curso de noivos, incluem também o acordo entre eles de batizarem os filhos que nascerem.
Lá em Macau/China eu sou vigário paroquial. O catecumenato é na paróquia, sempre, porque a fé cristã precisa da comunidade, da comunhão porque é comunitária. Pessoas que vêm de outras religiões, de outros ambientes não conhecem dimensão comunitária da fé. Isso é uma coisa difícil de eles entenderem, não conhecem. Por exemplo - uma pessoa que vem do Budismo; Budismo é uma devoção praticamente individualista, "Sou eu e Deus", eu vou lá, eu rezo, eu oferto, eu vou embora. Para ele, "comunitário" é um processo difícil no início.
Nos primeiros meses, ele participa só de catequese, uma vez por semana, uma horaIsso dura pelo menos meio ano. O catecúmeno participa de missa só depois. Não da missa inteira - permanecem só até a leitura do Evangelho, então vão para outra sala com o professor de catequese, que pode ser um padre, uma freira, um leigo, sempre um chinês ou chinesa, é claro; eu sou o único estrangeiro lá. O pároco lá é chinês também.
A paróquia tem sempre 4 ou 5 grupos de catequese, grupos de 8 a 10 pessoas: jovens adultos, mais mulheres que homens, muitos universitários; eu poderia dizer que são de 32 a 50 catecúmenos. Desses, em geral 80% chegam ao batismo , o que é uma média bem alta. A catequese dura 2 anos e no fim sempre tem alguns quevêm que "não é isso que pesnava, queria". Eu sempre digo:" Você é quem tem que tomar a decisão" Cada catecúmeno, no fim dos 2 anos, cada catecúmeno que quer o batismo tem que escrever um pedido por escrito, assinar, tudo; eles sabem que trata-se de um ato livre.
Do grupo de 50, digamos, menos da metade "que busca" é gente que vem do Budismo. Os outros, a gente pergunta: "Você tem religião?" e eles respondem que não; eles têm várias crenças. mas não têm religião, tÊm um vazio e por isso buscam.Aliás, é natural, porque na China, o sistema governamental não permite religião de 50 anos para cá não tem religião. Religião é o partido. A situação social, econômica das pessoas, ok. Mas o vazio é esse - vêm procurar. É um número alto de jovens universitários que vêm procurar, porque na universidade eles estudam que existem várias religiões.
Os catecúmenos chegam a nós por várias vias.
A maioria vem porque conhecem uma pessoa católica.
Outros porque tiveram estudo básico infantil em escola católica. Por exemplo: tem uma escola católica perto da gente; lá tem 3500 alunos. Só 60 são católicos; o rsto é gente que "tem um pequeno contacto", ficam sabendo que existe católicos. Daí vão embora, depois dos estudos; depois, qunado adultos alguns voltam, procuram caminhos, voltal, perguntam.
A midia e a Internet é também um meio que faz pessoas virem até nós perguntar: " O que é cristianismo?"
Ainda tem outra coisa que acontece; pessoa que passa na rua, na frente da igreja e na frente de nosso escritório do Centro Paroquial (cuja porta dá na rua direto ), entra e pergunta, quer saber: "O que é Deus?" "O que é isso?" Eles não têm Deus; os budistas têm deuses, assim, do jeito de entender deles- mas os chineses não têm Deus, não conhecem.
Um quinto e último jeito deles nos procurarem é o seguinte - caridAde. Ficam sabendo de obras sociais, ajudas, principalmente a Cáritas, muita conhecida por lá. E querem saber o que é, por quê fazem isso, etc.
Enfim, é assim que começa a existir pessoas no grupo de catequese de catecúmenos. quando eles "buscam" - buscam ou o Budismo, ou o Taoísmo, ou o Cristianismo.